Num abril já longínquo
Guardo ainda, como um pasmo
Em que a infância sobrevive,
Metade do entusiasmo
Que tenho porque já tive.
Quasi às vezes me envergonho
De crer tanto em que não creio.
É uma espécie de sonho
Com a realidade ao meio.
Girassol do falso agrado,
Em torno do centro mudo
Fala, amarelo, pasmado
Do negro centro que é tudo.
18/4/1931
(Fernando Pessoa in Poesia - 1931-1935, Companhia das Letras, 2009)
1 Comments:
Melhor que Camões.
Postar um comentário
<< Home