9.11.06

Noite de Verão - 1


Sensual
sangüínea
silenciosa

a lua pulsa
misteriosa

ó lua cítrica
pequena e bela
hoje despida
de seus brilhantes

boca vermelha
falando nuvens
e o alfabeto
das madrugadas

discreta dança
a sua música
caliente luna

singrando a treva

quase translúcida
em sua túnica
quase escondida
em sua esfera

insinuante
âmbar celeste

lua madura
serena e pura
nave do verso.
(Do meu livro Inventário da Solidão, ed. Giordano, 1998)

2 Comments:

At 11/11/06 15:19, Anonymous Anônimo disse...

singrando a treva
"começa a ir ser dia,*
O céu negro começa,
Numa menor negrura
Da sua noite escura,
A ter uma cor fria
Onde a negrura cessa.
/.../
Em vão, em vão, e o céu
Azula-se de verde
Acinzentadamente.
Que é que a minha alma sente?
Nem isto, não, nem eu,
Na noite que se perde"

Original manuscrito, não assinado, mas por baixo da data há as iniciais a.m. Pessoa escrevia também sob o heterônimo pouco divulgado, Antonio Moura a quem, aliás, normalmente, atribuía textos de prosa.
MENSAGEM, FERNANDO PESSOA, EDITORA NOVA FRONTEIRA, RJ, 1981.

Adorei "singrar as trevas",
um beijo.

 
At 13/11/06 14:59, Anonymous Anônimo disse...

o inverso do sonho
submerso
e estranho
esse real
em que

me arranho


abs de arrudA

 

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